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Saturday, July 30, 2005

Fotografia

Gostava de te reter, permanecer em ti, agarrar nas fotografias e torná-las a grande imensidão que é a nossa solidão. A verdade - e podem ser tantas - é que só penso numa maneira, ínfima que seja, de chegar até ti, de acabar com esta fome de te ter e finalmente, descansar.
São equeações mal produzidas, pensamentos que nunca se chegam a realizar, compreensões de um "eu" que não entendo e estupidamente continuo a perseguir.
Gostava de te ter só para mim, de morrer entre ti e acabar de vez com esta guerra de cheiros que não pára, desta profundidade que nem eu concebo, que nem eu percebo.
E é só disso que se tratar, de um problema de expressão que se cola, e me desgasta, que me persegue e que não me deixa encontrar o melhor termo.

"Amo-te"


Tira a fotografia da parede
Não há mais nada que possas provar
Há um mundo que desapareceu
Uma alegria que nunca mais voltará
Não te vale a tua opinião
Nem tão pouco a razão,
Alimenta-te do que terás
Porque não será muito
Por isso, vê o que conseguiste

Vê o nada em que te enclausuras te
Repara no comboio que passou
Não há nada que o faça voltar…

Tira a fotografia da parede
Ela nunca te trará de volta
Nunca te trará de volta
Tira a fotografia da parede

E eras tão bonita quando choravas
Quando te enervavas, quando existias
Ainda em mim, objecto que passou
Paixão que cessou
Olha à tua volta
Quebra o silêncio
Repara na solidão que se tornou tua proprietária
Ela nunca te fará trazer de volta
Não há nada que o faça voltar…

Por isso tira a fotografia da parede
Ela nunca te trará de volta
Joga-te na única promessa da vida.
Ela nunca te trará de volta,

Por isso olha à tua volta
E vê o que fizeste
Planar em vez de voar não é solução…
Agarra na fotografia
Ela é tudo o que tens.


A Manuela Azevedo é que tem razão, tudo fica melhor com o inglês. Por isso chego-me até ti e luto contra mim, na esperança que percebas que as palavras hão-de ser sempre pouco para agarrar nesse vácuo que ó amor.

"E é tão difícil dizer amor..."

Para ficar mais perto da tua imagem, desse rebordo em que me transformas, desse metade que nem dividir consigo. Apago as fotografias a ver se isto se esvai, a ver se o sangue pára, a ver se eu páro. Apago as fotografias a ver se me esqueço que o mais dificíl é suportar o amor nas nossas mãos, encontrar-lhe a saída para uma felicidade conjunta, uma ligação que seja mais do que uma música melancólica, incapaz de traduzir esse girassol de coisas confusas que se englobam nesse verbo que nos domina e nos contrai os músculos, mesmo os mais fortes, como se fóssemos de borracha, quando só queremos ser de aço.

"Para ficar mais perto, bem mais de perto"

Como se a morte não fosse isso mesmo, ficar bem mais de perto daqueles que nos querem e se lembram do nosso retrato, mais do que uma memória, mais do que um rascunho. E és tão bonita em todas as fotografias em que te consegui captar essa aura que tantos tentaram captar. Queria voltar atrás, adormecer contigo, quando era acordado que sempre preferia adormecer, quando era só contigo que preferia andar.
Gostava de permanecer em ti, ser mais do que tonto amar, perspectivar a tua cara que sempre me impulsinou e saber o que fazer, mesmo quando sei que nunca voltarei a estar contigo. Ès tão bonita...

"You´re beautiful, it´s true..." James Blunt