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Monday, October 01, 2007

Padrão

Há tanta matéria que nunca conseguiremos alcançar, nem compreender a sua composição e por isso mesmo voltar a fabricá-la.
Se um minuto da nossa vida chega para colmatar todos aqueles que nunca farão parte dessa selecção inválida e descrente de segundos que aparentemente são escassos e não nos seguram por muito mais tempo. Se a verdade que não aparece por entre essa vaga noção de que aquilo que temos é aquilo que sempre precisamos.
E por fim, eis que na realidade subjacente de me extrapolar da própria matéria que me envolve, consegui perspectivar a verdadeira ideia de quem sou e porque o sou. É nos genes que transitaram e na fundação da minha própria educação que tudo reside e que talvez por isso mesmo eu recolha desta forma convicta tudo aquilo que advém da mesma.
Ali mesmo, num acto de profunda falta de intensidade e entrega tudo se fez mais claro e preciso. Tive essa ideia que tanto faltava para completar a pauta e silenciar este burburinho que se mantinha aprisionado cá por dentro, esta alegria de estar triste, esta vontade de ser sempre o mais forte e o mais seguro em tudo aquilo que faço e que procuro.
Retirei o mapa de inserções, imprimi as notas de débito, passei as notas de crédito, facturei tudo aquilo que havia para facturar e no fim, compreendi o desvio do padrão e a moda que se havia criado nas estatísticas. Compreendi que alguém haveria de estar errado, alguém haveria de se sentir miseravelmente sozinho, na maior das apatias, na maior das solidões, por nunca ter tido a capacidade de ler o que o computador registava.
Pessoas fracas, sem conhecimento ou dinamismo, capazes de as levar mais longe, para que eu compreendesse sempre tudo antes, mantendo assim o controle do volume de vendas, que claro está, nunca haveria de ser o esperado. E tudo terminava da mesma maneira.
Acabaria por me tornar pouco prestável, pouco comunicativo, um pouco mais fugidio, a ver se finalmente me aparecia uma carta de demissão por cima da secretária. Trabalharam sempre a recibos verdes, porque está na moda manter as devidas seguranças para ambas as partes, havendo assim uma independência patente, para que nada pudesse ser cobrado.
Se pudesse, tudo seria de forma igual, até porque agora sei porque é que volto sempre ao início. É difícil não o fazer, quando já se sabe o fim e tudo é economicamente mais seguro…
No final de contas as pessoas são sempre iguais, porque o lugar que ocupam é sempre o mesmo. É preciso criar novos postos e funções de maneira a que o risco tenha lugar, deixar-me embrulhar por essa fantasia de tocar na chuva novamente, sem que isso signifique perder a coloração da realidade. É preciso sentir novamente o incontrolável a crescer, a vontade inerte de chorar, mesmo quando não se pode e regressar ao plano das emoções.
Eu tenho a oportunidade de fazer diferente daqueles que partilharam o mesmo caminho, ao ver-lhes a saudade a não ser sentida e a contarem as secretárias por onde passaram. Eu tenho a oportunidade de quebrar as paredes que me separam dessa falta de concessão, sem culpas ou preconceitos.
Saber que a culpa também me pertenceu, não chega. Há que tomar consciência da falta de rendimentos e tentar uma nova segmentação de mercado, a ver se a estratégia muda e o padrão de erros também. É preciso acreditar que não estarei perdido, apenas porque não quero e alguém poderá de facto tomar conta de mim, ao invés de tentar sempre que o inverso aconteça.
Ter a consciência não basta, há que agir e quando a inspiração voltar, encontra-me a trabalhar.

Melhor amigo : Ryan Adams - Wonderwall