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Friday, September 01, 2006

Para Sempre

Para sempre, foi para sempre que tudo foi feito, num plano montado e elaborado por mim, confiante nas minhas plenas capacidades de controlador obsessivo e que por isso, tudo resultaria numa acção impressiva. Por isso, deixei de ouvir e calei-me por dentro para que as palavras não inflamassem esse sentido contagiado e errante da percepção da própria vida. Enquanto isso, deleitei-me com a tua tentativa de me contares como é o mundo através dos teus olhos e como é que eu sou moldado a partir dos mesmos. Talvez por isso a irrealização da minha fantasia nunca me pareceu embriagada de mais, por parte de ilusões ou sonhos inconquistáveis. Lutei sempre, por tudo e por nada, que tudo me parecia fácil de mais.
Enquanto fechei os olhos, percebi que gostava tanto do escuro como da luz enegrecida sempre pelas tuas palavras, que ainda me haveriam de provar que fora tudo um momento escasso e em vão.
Escrevi sempre, na tentativa de te alcançar por detrás desse “eu” que dizias ser tu. Nunca acreditei na validade de toda essa camada inatingível e sobranceira, religiosamente esculpida para que eu acreditasse que a perfeição haveria chegado.
Acabo de comer e pouco o café, aquele que durante muito tempo foi essencial para que durante essa bebedeira de amor e sexo eu continuasse acordado a fantasiar com o teu cheiro. Deixaste-me assim, a querer mais, a exigir mais, a correr atrás de mais, mas haveria de ser sempre outro alguém que o receberia o sempre que eu nunca consegui conter em mim, nessa lágrima deslavada que haverias sempre de guardar para mim.
É esse o valor da promessa, o valor que dás à tua vida escorreita e cheia de inocência translúcida. É essa vergonha que sentes quando não há volta a dar e me dizes “não”, quando é o sim que interessa.
O tempo escolheu-me para me deixar levar por ele. Incrivelmente, não me deixa esquecer essa perda corrente, esse eterno amar empobrecido, tal como a alma que carregas e que julgas que é especial, apenas porque o carro que trazes contigo, faz de ti mais do que és.
A força que não sinto, agora, há-de voltar para prolongar este eterno adeus.
Para sempre.

Kt Tunstall – False Alarm

Monday, August 28, 2006

Tudo

A realidade dura e crua, como nunca a tinha presenciado antes. A pobreza da alma reflectida nos meus olhos, a cor do sonho desvanecido, espalhado em todos os poros irreflectidamente ansiosos por não me conhecer mais.
Gostamos todos de maneiras diferentes, de formas estranhas, negras, obscuras. Somos influenciados na forma de amar pela forma como previamente havíamos recebido. È esse ciclo preparatório do qual, poucos nós conseguimos sair e nos faz ter as atitudes menos sobranceiras. E se a mentira é tudo, uma boa mentira pode ser ainda melhor para fazer esquecer qualquer desentendimento que o tempo não deixa curar de maneira nenhuma, nesse cessar de entrega que sempre esperamos acontecer e tarda em chegar. Esse grito contido que há-de chegar e nós sabemos, apenas não quando sempre queríamos.
Já não sei conjugar os verbos nessa atitude reflectida dias a fio, embrenhado num calendário feito à medida de quem não vive numa contingência limitada. Fiz disso a minha principal alavanca e agora concluo que a dor há-de ser o único repouso conseguido.
E se as promessas são o ponto de partida, as lágrimas hão-de ser sempre o ponto final de qualquer tentativa de ultrapassar a realidade transparente e verdadeira.
Não tinha que ser assim, esse desencontro arriscado e desmedido, nessa cura anunciada, nessa carga pesada demais para ser inocente.
Confio no final, na leveza, nesse nome que decorei. Confio em mim e na natureza das palavras, na cor da música e na falta de sexo que sinto, cada vez que estás perto. Foi a falta de discernimento que me permitiu prolongar este estranho jeito de amar. A realidade é crua, mas uma boa mentira pode significar tudo. Tudo.