Followers

Friday, December 07, 2007

Dirty Harry

Desisti de compreender, Para passar a aceitar.

Não pudemos exigir demasiado das pessoas que não estão preparadas o suficiente Para conseguirem aceitar e avaliar de forma fidígna, tudo aquilo que temos Para entregar.

Podem inventar equações múltiplas, teorias sobre a lei da relação que se faz com base em distância e liberdade, que não há nada que esconda a limitação do próprio consciente. Quando dizemos que gostamos de alguém, a maior parte de nós, não compreende a multiplicidade de reacções que provocamos no destinatário, nem de resto, isso nos importa. Até porque ninguém quer saber dos sonhos que o parceiro do lado tenta alcançar.

Somos sempre egoístas o suficiente, Para pensarmos naquilo que temos e naquilo que podemos vir a ter, ao invés daquilo que podemos dar. Durante tempos, julguei não ter quantidade ou qualidade suficiente Para entregar a uma relação baseada em afecto físico e emocional e por isso mesmo não permiti a mim mesmo uma segunda oportunidade.

Errar custa-me, ainda que aprenda com isso, o suficiente Para voltar a seguir a mesma lógica, ainda que por um período muito mais curto. Queria voltar a ser adolescente novamente e a conseguir perspectivar esse sonho que tanto abraço como sendo meu. Há pessoas que passam e não deixam marca, apenas porque não arrancam uma impressão segura daquilo que somos.

Por isso mesmo é preciso escrever, gritar, explodir. Contar as estrelas, conjecturar novas constelações e deixarmo-nos perder no espaço. Eles que saibam que o valor que temos é um dado adquirido e que por isso mesmo, não é o facto de nos sentirmos usados que vai alterar esse facto, apenas nos envaidece e nos torna mais corajosos e dignos.

Aceito que nem toda a gente mereça aquilo que tenha Para dar, que sei agora ser suficiente Para fazer alguém vomitar de tanta felicidade. É algo que não posso deixar de me sentir entusiasmado e ansioso, já que quando chegar o momento certo, eu vou ter realmente muito Para oferecer.

Tudo se resume à intensidade que depositamos no momento em que nos entregamos, no qual a coerência não entra e muito menos a frieza desumana. Queremos todos o prazer agarrado à tesão fácil e indiscriminada, noites sem fim a acordar sem perceber muito bem onde, valores que são suprimidos e encolhidos, auto-estima baixa em demasia, orçamentos vazios em compaixão ou ternura.

Passei a aceitar então isto mesmo e que por isso mesmo, gosto cada vez mais de mim. Talvez porque faço da sinceridade a palavra fundamental no decorrer das minha vida, porque me acompanha desde a minha fundação e que é nisso que reside uma das minhas maiores características.

Acima de tudo, estou feliz por estar convicto daquilo que sou, daquilo que quero e espero daqueles que me acompanham e que aquilo que tenho Para dar é mais do que aquilo que a maior parte tem porque merecer.

É nesta deambulação de palavras e registos, que admito que por isso mesmo, não me posso sentir culpado por algum dia me ter entregue a quem nunca valeu a pena. Quando se gosta, mostra-se, entrega-se, preserva-se. É um acto inerente à condição humana e não há como lhe dar a volta. Podemo-nos enganar, inventar mentiras estreitas e perfeitas sobre o fim de algo que nunca começa na verdade, que no fim, os sonhos hão-de ser os mesmos, em todos os lugares.

Fica tanto por dizer, tanto por explicar e ainda assim, tanto que aceitei, mesmo sem ter sido preciso escutar. A perspicácia acompanhada com um grande orgulho na pessoa que me olha, cada vez que me vejo reflectido no espelho mostram a pessoa segura que sou, excepto quando sei que percorro um caminho sozinho e às escuras, quando era tudo menos aquilo que se pretendia.

A maior parte, ainda não ultrapassou o complexo “Dirrty Harry” e por isso mesmo, só dá valor àquilo que tem, quando já estamos sozinhos e sem rasto de coisa nenhuma. Não sabemos o que é gostar e por isso mesmo, agarrámo-nos à primeira pessoa que com um toque de retórica e bom gosto nos parece ser o desbravador de um novo tipo de sensações.

Não há dúvida persistente, apenas certeza de ter finalizado aquilo que noutra circunstância teria durado tempos indeterminados e tempo não é algo que se possa desperdiçar com quem não tem condições intra-pessoais Para o gastar, seja com quem for.

O que me confunde mais é a cobardia, misturada em vontade de arquitectar um sentimento indesejado no destinatário. Isso não compreendo nem aceito, seja de que remetente for enviado. O que me irrita mais é a tristeza disfarçada de comiseração e vontade de foder tudo e todos, sem aviso prévio. Há aqueles que ficam tristes, consumidos pela sua própria tristeza, quando tiveram tudo Para se verem livres dela.

Foi esta a minha maior luta e talvez seja altura de desviar o padrão e constituir um novo rumo à empresa que tanto se anuncia. Como sou inteligente, estive sempre consciente do que tinha Para enfrentar, assim como estou consciente agora que abandono, sem qualquer tipo de dúvidas na minha consciência. Até porque dúvida é algo que não existe, quando gostamos de alguém. Tudo é certo e conciso e eu não me licenciei em Orientação de Sentimentos, apesar de ser algo aliciante, mas que cada vez mais me faz perder a paciência e correr Para outro curso, com outra turma, a ver se desta vez os trabalhos de grupo são mais eficazes e as dúvidas não existem

Caetano Veloso é que tinha razão e eu também só vou “gostar de quem gosta de mim”, conscientemente. Tenho a facilidade inerte de abandonar quem é portador de enfermidades contagiosas ou simplesmente quem não sabem receber a força que tenho e que transporto comigo. Muito Para além disto, não há nada que se possa repetir, apenas porque eu não quero.

Descobri que gosto demasiado de mim Para me deixar tomar por algo que não me preenche ou me satisfaz na totalidade. Tenho consciência que é não é fácil encontrar alguém que queira partilhar comigo o meu sonho, mas que é por isso mesmo que não há pessoas especiais em todas as páginas dos livros que encontramos, numa biblioteca qualquer.

A felicidade maior, é conhecermo-nos o suficiente Para compreendermos as nossas limitações e a nossa motivação máxima. Não há benefício maior do que esse e provavelmente algo que me satisfaça tanto, enquanto constituinte de um colectivo de massas, com um pensamento cada vez mais uniformizado.

Por isso mesmo, isto é algo escrito Para mim e por mim.

A segurança voltou, apenas porque tudo está como devia ser.

Há coisas que nunca serão nossas e por isso memso, não há motivo para nos sentirmos tristes, quando nunca fizemos algo para não o estarmos, de facto.


Best Friend - Kate Nash - Foundations

Tuesday, December 04, 2007

Extinção II

Nunca me deram essa escolha. Achei sempre que o meu destino era fazer aquilo que não me diziam, romper com os limites e deixar-me ser navegada por ti, sempre que o vento me mentia na direcção que me fazias tomar.
Não me prometeste nada, nunca e mesmo assim eu sempre esperei ouvir-te.
Nem que fosse uma palavra.
Nem que fosse um gesto.
Nem que fosses tu.

Olho para ti, sem saber muito bem o que te diria, se finalmente acordasses e me perguntasses o que tenho feito com o silêncio em que a minha vida se transformou, desde que tudo se tornou frio e perdi a vontade de me deixar aquecer por entre as palavras daqueles que angustiam este sentimento que bate cá dentro e espera sem aviso, que regresses.
Sem querer, vejo ainda as estrelas, que tantas vezes me puxaste e fizeste crer que fazia parte dessa vasta constelação. Não há nada que uma mulher goste do que sentir que pertence a um lugar onde todos as acariciam e as desejam e tu sabias.
Por isso, e por muito mais, voltaria a cometer o mesmo erro passivo e inerte de tentar salvar a tua memória e perdurá-la por algo mais do que as fotografias que guardo desse teu sorriso que nunca me deixou adormecer, quanto mais esquecer.

"O amor é fodido", diria o Miguel Esteves Cardoso. Eu digo que fodido é ver-te morrer ao meu lado e querer apagar esta falta de coerência que é chorar quando nunca o fiz, mesmo quando ela morreu.
Lembras-te? Deixaste-me sozinha, em vão, à espera que finalmente me sentisse culpada por nunca a ter perdoado e por fim o momento chegasse e eu me entregasse aos remorsos socialmente impostos. Nunca aconteceu.
És inquebrável.
Sou.
Era.
Nada disso interessa mais, muito menos a imagem de alguém que em nada merecia a minha atenção, quanto mais o meu amor. O amor é algo que não se pode conceder por força de laços sanguínios, nem por força do comidismo e muito menos pela força da solidão. Há que o merecer, há que o querer, há que ser irracional o suficiente para o aceitar.
E mesmo partindo não sei chegar mais desse lugar sem nome onde me encontro de cada vez que entro em casa e tu não estás. O pó acomodou-se, terias vergonha se cá entrasses agora e tu que dizias que a disposição dos móveis e a forma como eles estavam adornados eram a imagem da nossa própria imensidão.
Se assim é, a minha está coberta de lugares comuns, onde só tu predominas e onde as vozes que pedem a todo o custo que volte a conquistar o meu lugar no coração daqueles que tanto me querem, se calem para sempre.
Se calem, para sempre.
Silêncio.
Era essa a tua melhor característica e então porque é que não a aguento agora? Eles que digam o que quiserem, que hei-de sentir o mesmo por ti.
Há dias acordei e tinha o perfume de alguém na minha roupa. Não são verdadeiramente confiáveis, eles. Indagaram-me, questionaram-me e concluiram que te tinha de esquecer e acordei com o perfume de outra pessoa, enquanto me vestia, atrasada, como sempre.
Uma médica não tem horários a não ser querer salvar aqueles que ama de uma morte rápida ou lenta. É tudo o mesmo. Morte e cheiros que não me pertencem e que eu desconheço.
Pediram-me para me encontrar no mesmo sítio em que os vejo e que não me esquecesse que há um mundo que olha para mim e me avalia e que por isso mesmo, deveria ao menos olhar-me duas vezes ao espelho antes de sair.
Foi o que fiz.
A figura que me olhava parecia substancialmente mais velha do que me lembrava. Será que gostarias de mim, desta forma? Esqueci-me da sensualidade que me motivavas a transparecer, da tesão que era quando franzias o sobrolho, mesmo da mão por entre as minhas pernas. Queria ser eu outra vez, mas contigo. Sempre contigo.
Cheguei e não os vi. Alguém me interpela e diz que estou bonita. Os homens têm a banalidade na ponta da língua, sempre que sentem a fragilidade feminina. Saí, sem pensar. Não era preciso. Não eras tu, nem lhes perdoo por terem tentado criar uma imitação fraca, sem qualquer resquício da tua vida. Tu que sempre me encontraste, por entre a minha corrida desenfreada de não saber amar, mas de o tentar conseguir.
Quando chego a essa instituição que não consigo deixar de considerar como minha, eles olham-me e percebem que neguei a liberdade de não perder aquilo que não se quer ter.
Liberdade.
Tu tens o que eu preciso para me deixar ir.
Nunca te disse o quanto precisava de ti e talvez por isso, tenhas ficado sempre ao meu lado. Vocês adoram a mulher forte e desinteressada, aquela que fica connvosco mas que não precisa, porque consegue gozar a partir de outras formas e feitios.
Por isso nunca o disse. Tornei-me campeã dessa imagem que fiz como sendo eu e nunca te disse que o tempo deixou de ser um condicionador para mim, para passar a ser um prelongamento daquilo que eu tornei eterno.
Tu gostas de mim.
Disse-te sempre que não, para repetir que te amava, mesmo no fim.
Sou má.
Não és.
Fui.
Gostava de te agarrar e fazer-te ficar, a fim de acordares e me poderes tocar novamente. Nada funciona como era suposto. Não voltei a calçar aqueles sapatos que tanto odiavas, apenas para seres o único a puderes conhecer o pior que há em mim. E voltava a fazê-lo, apenas porque a verdade que reside em todos nós, é aquilo que escondemos.
Não quero razão, não quero uma segunda oportunidade.
Quero apenas que regresses, sem expectativa ou incitação.
Acredito em ti.