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Wednesday, February 08, 2012

Não me falhes, agora.

Não me falhes, agora.
Não me hesite a respiração, nesse instante em que me deixei soterrar, sem inspiração, ou intuição que me guiasse para algum lugar-comum.


Queria a Volúpia e a felicidade, queria o vinho sem problemas de expressão, queria ficar enterrado nessas ruas cobertas de merda que nos vicia e nos eleva.
Insisto.
Não é de hoje, é de sempre. Um caminho fúnebre, pelos meandros da minha incapacidade em transmitir o que foi outrora, o que será amanhã.
Insisto em respirar, como se a vida tivesse sido ontem, e toda a génese da batalha imoral que travo, fosse a conquista da lógica, pelo racional, a manhã pela tequilla. Um rasgo por um cigarro.

Visto a camisola e saio. Encontro-me entre as paredes pintadas e a Lana a tocar insistentemente, irrepetivelmente, inebriadamente. Sabe menos do que eu.
Espelho a voz de puta, mas sem grande experiência na matéria. Faltou-nos sempre a vontade pura e dura, sem remorsos, uns quantos lençóis manchados de sexo e não de vergonha. Prazer puro, um James Dean na parede a incitar ao grito e a conjugação do prazer, por entre uma erva fina.
Implico.
A razão de ser, da ferocidade, de continuares ao meu lado. De te querer e nunca te largar. Mesmo quando te ordeno “Vai”.
Teremos sempre de nos lembrar dos grandes clássicos, das canções partidas e repartidas, da felicidade de abrir uma porta e ser apanhado por um sorriso rasgado. Um espírito pouco dado a comodismo. Algo incoerente, mas com a aposta sempre virada para o platónico.

Continuo na rua.
Ninguém me tenta levar nada (e hoje que teria dado tudo). Vesti a melhor combinação de roupas perdidas, que não usei mais, enquanto não chegavas. Acendi cinco cigarros, mamei os tubos de escape que passavam, na tentativa de um qualquer, corresponder ao cheiro do teu carro.
No banco de trás. Estofos de tecido fraco, frases curtas, simples, directas. Nunca foste advogado. Serias piloto e viajaríamos pela Península Ibérica, de vidros abertos, acompanhados por um vinho de mesa. Como se não fosse a isso, que se resumisse a identidade da vida. Ela vende-se desta forma. Faz parte do grande conceito do marketing, de nos tentar impingir uma qualidade de vida, que na verdade, quase ninguém tem. Uma lareira, um cobertor felpudo e quente, chuva lá fora e a felicidade. Um descapotável, um por do sol e dos copos a transbordar Monte Velho e a felicidade. Muitos suspiros à mistura e depois, planos e paninhos para consquistar o resto da semana, que não se perspectiva por entre os frames dessas pequenas virtudes.

Não me falhes agora. Eu hei-de insistir sempre.