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Saturday, March 20, 2004

Um adolescente deve seguir a sua intuição e nunca a razão. Não vamos ter muitos mais momentos como estes, há que viver para o momento e deixar para trás o pensamento, enquanto temos a desculpa de sermos jovens inconsequentes que vivem num mundo que os rejeita. Rodeado pelas paredes da minha consciência debato-me com aquilo que devo fazer e aquilo que posso fazer. Entrego-me a alguém que não respira por mim, mas que vive em mim, hoje e amanhã. Porque o futuro de quem tem 17 anos é amanhã e o depois de amanhã é apenas um conceito que nos implementaram, numa idade em que ainda não tinhamos criado as defesas necessárias para nos defendermos de ideias pré-fabricadas. Respiro a música que me acompanha, deixo-me levar pelos pensamentos mais descompostos que existem. Procuro no diccionário a designação para ínfiel. As palavras não saem, porque não me sinto cansado o suficiente para ter a coragem de transpôr para as letras, aquilo que sinto neste momento. SInto-me a ser ínfiel. Ínfiel aos meus pirncípios, ínfiel à minha consciência, ínfiel ao meu coração, ínfiel áqueles que sempre negaram que eu fosse. O meu corpo já não me pertence mais, vive de alguém que nunca fará parte de mim, que jamais verá o por-do-sol ao meu lado ou me dirá algo tão simples como "Amo-te".
No fundo vivemos, inconcientes para o amor, disfarçamo-nos em relações vagas e sujas para provarmos a nós próprios que somos fortes o suficiente para vivermos sem ele, mas sabemos que quando chegámos a casa, entregamo-nos ao aconchego do sofá a fim de encontrar restos de ternura desperdiçada.
Mas o ser humano não foi construído para sobreviver a relações passageiras e vazias. Há sempre uma parte que quer mais, mesmo quando sabe que nunca o vai ter.
Eu quero mais. Quero voltar a ter a minha consciÊncia limpa de todo o mal que possa vir a causar a alguém que talvez não o mereça, quero ter alguém que viva para mim e em mim, quero voltar a conseguir construir textos com o mínimo de fundamento e deixar para trás o passado que nunca foi meu amigo. Eu quero voltar a amar, porque "Só o amor me faz correr, só o amor me faz ficar, só o amor me faz perder, só o amor me faz querer mais".
Até lá e até encontrar aconchego mais profundo do que os teus braços, ou perfume mais limpo do que o teu corpo, vou continuar a passear a teu lado, sorrindo sem imaginar que vou estar triste, olhando-te sem imaginar que não te verei mais.Até quando?

Um adolescente deve seguir a sua intuição e nunca a razão. Não vamos ter muitos mais momentos como estes, há que viver para o momento e deixar para trás o pensamento, enquanto temos a desculpa de sermos jovens inconsequentes que vivem num mundo que os rejeita. Rodeado por as paredes da minha consciência debato-me com aquilo que devo fazer e aquilo que posso fazer. Entrego-me a alguém que não respira por mim, mas que vive em mim, hoje e amanhã. Porque o futuro de quem tem 17 anos é amanhã e o depois de amanhã é apenas um conceito que nos implementaram, numa idade em que ainda não tinhamos criado as defesas necessárias para nos defendermos de ideias pré-fabricadas. Respiro a música que me acompanha, deixo-me levar pelos pensamentos mais descompostos que existem. Procuro no diccionário a designação para ínfiel. As palavras não saem, porque não me sinto cansado o suficiente para ter a coragem de transpôr para as letras, aquilo que sinto neste momento. SInto-me a ser ínfiel. Ínfiel aos meus pirncípios, ínfiel à minha conciência, ínfiel ao meu coração, ínfiel áqueles que sempre negaram que eu fosse. O meu corpo já não me pertence mais, vive de alguém que nunca fará parte de mim, que jamais verá o por-do-sol ao meu lado ou me dirá algo tão simples como "Amo-te".
No fundo vivemos, inconcientes para o amor, disfarçamo-nos em relações vagas e sujas para provarmos a nós próprios que somos fortes o suficiente para vivermos sem ele, mas sabemos que quando chegámos a casa, entregamo-nos ao aconchego do sofá a fim de encontrar restos de ternura desperdiçada.
Mas o ser humano não foi construído para sobreviver a relações passageiras e vazias. Há sempre uma parte que quer mais, mesmo quando sabe que nunca o vai ter.
Eu quero mais. Quero voltar a ter a minha consciÊncia limpa de todo o mal que possa vir a causar a alguém que talvez não o mereça, quero ter alguém que viva para mim e em mim, quero voltar a conseguir construir textos com o mínimo de fundamento e deixar para trás o passado que nunca foi meu amigo. Eu quero voltar a amar, porque "Só o amor me faz correr, só o amor me faz ficar, só o amor me faz perder, só o amor me faz querer mais".


Wednesday, March 17, 2004

O desafio era simples: pegar numa personagem masculina e montar um enredo à minha escolha, com o máximo de cinco parágrafos. Eis o resultado:

Juventude: Século XXI


Ele só queria viver. Correr o mundo, sem olhar para trás, mas bastava-lhe abrir os olhos para reparar que a realidade estava muito longe do sonho idealizado.
Partilhava o quarto com o irmão, vidrado nos muitos pokémon´s, sempre a pedir atenção dos dos pais e a fazer perguntas inúteis. Com dezasseis anos a vida não tem rumo e o ser humano deixa-se levar com muita facilidade por uma corrente fraca e o insucesso escolar advinhava o futuro do pai, a trabalhar num desses muitos shoppings espalhados por uma cidade impaciente em conviver e se misturar.
Tudo piorou depois do cancro diagnosticado à mãe, infelizmente detectado tarde mais para se prever uma cura rápida e segura. Sentia-se sózinho, partilhando a solidão com os passeios polidos por chicletes e putos desorientados a tentarem entreter-se com um qualquer electrodoméstico partido e vazio.
Foi assim que a experimentou. Ao início era só para esquecer o corte que a Sara lhe havia dado, depois era para esquecer tudo e todos: os professores que lhe exigiam mais do que podiam, os pais que nada faziam ou os amigos que pura e simplesmente não existiam.
Quando abria os olhos, via o mundo que sempre sonhara e quando nao via, fumava ainda mais, na esperança de o conseguir perspectivar. Para conseguir alimentar o sonho, começou a fazer pequenos furtos, mas como os sonhos se tornavam cada vez maiores, começou a fazer grandes furtos. Os pais estranhavam a ausência do filho, mas a sua atenção estava centrada no consumidor de pokemon´s e por isso tornaram-se seres passivos ao problema que se advinhava.
Os pais ainda lhe recordam o sorriso alegre e a segurança que procurava neles. A mãe conseguiu sobreviver ao cancro, o pai a um emprego demasiado chato para ser levado a sério e o irmão a videojogos mais violentos do que qualquer guerra. Contudo foi o bilhete deixado junto a um corpo mutilado por uma overdose que deixou mais sequelas, "Só queria Viver".

Sunday, March 14, 2004

Acreditar


Vivemos na expectativa de encontrar alguém para atravessar mais um amanhã cinzento. Procuramos em todos os rostos, gestos e odores, traços do nosso sonho incompreendido. Aquela luz que nos guiará por o caminho que se adivinha cada vez mais arrependido. Quando finalmente sentimos que o nosso coração bate por alguém, que o nosso riso existe por alguém, que vivemos porque alguém vive, dá-se uma entrega total da nossa parte. Mandámos o mundo para trás das costas e agarramo-nos às mensagens com palavras de amor. Por momentos conseguimos ser felizes, passamos a pertencer áquela elite que já sentiu o sol, quando só havia chuva, que viu as estrelas, quando só havia lua. E vivemos. E desejámos nunca mais morrer, porque aquele momento vale a pensa ser vivido. Quando tudo acaba, desaparecemos nos confins do nosso próprio sentimento. Inventamos uma fúria enturpecedora e calámos o nosso coração com todos os defeitos que ele nunca havia visto, quanto mais sentido.
O que sobra, é um ser que não quer viver, que não acredita mais na entrega absoluta por algo tão passageiro e dissolúvel. Fugimos de tudo e de todos, agarramonos ao nosso próprio medo e passamos a viver com os olhos no passado. Já nada interessa, já nada faz sentido, já nada vale a pena ser respirado.
Criam-se tantas expectativas por algo tão passageiro numa sociedade como a nossa. Somos bombardeados com casais sorridentes a partilhar uma vida de sonho, sem problemas, sem solidão, que achamonos no direito de ter algo parecido. Quando percebemos que a vida não é um anúncio de 5 minutos, daqueles em que os protagonistas vivem numa casa de 7 assoalhadas e o seu único problema é terem uma criança que pinta as paredes de uma cor contagiante e feliz. É aí, que deixamos de acreditar. Em tudo e em todos.
Alguém me pediu para não deixar de acreditar. Para continuar a acreditar que "o sol sempre amou a lua", nas ridículas cartas de amor de Fernando Pessoa, ou mesmo nos bolinhos da sorte chineses. "Acredita que tu acreditas em ti". Eu acredito em mim, mas quem é capaz de acreditar nos outros?