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Monday, July 17, 2006

Espera

Esperei sempre pela vontade de saber que a eternidade nunca chegaria. Paguei sempre mais esperando receber a vontade em troco, a alegria em retorno, a leveza numa cerveja.
Tenho pressa de viver, é um facto que se avizinha sempre como uma tormenta irreversível e uniforme que várias vezes me causa pequenos arrepios e calosidades por mim impostas. A vontade de correr sem rumo é um paraíso tão resplandecedor que nem eu saberei bem explicar o porquê de tanto encanto. È a arte de não saber ficar agarrado, mesmo quando se sabe que seria o mais seguro.
Experimentei a sensação de se pertencer completamente, da intimidade rotineira, da paixão avassaladora, da perversidade encarnada em desejo que nunca esperei que o fim estivesse próximo. Neguei sempre e constantemente a cor da minha raiva, a razão do meu irritante comportamento, da felicidade mórbida, da natureza das cores vivas que se tornaram mortas.
Expliquei a razão da minha preguiça, gritei nesse silêncio onde não fui ouvido, onde fiquei invariavelmente sozinho. Era bom perceber que a luz desses olhos me transmitem mais do que um futuro pacífico, mais do que lado fixo nesse teu coração. E mesmo assim, sinto-me muito mais próximo de ti agora que não existem amarras constitucionais ou obsessões erradamente características de alguém que sabe que o amor não é para sempre.
A primeira vez é sempre a pior das mentiras que nos foram impostas. Falam desse número como se fosse único, como se fosse possível criar e recriar. Lembro-me muito pouco da primeira vez contigo, seja de que género for, mas lembro-me muito mais das vezes posteriores onde existia a cumplicidade da inocência que nenhum de nós tem, teve ou terá. Afinal, essa chama haveria de ser apagada pela podridão da esperança que acaba por chegar sempre.
O respeito é algo que precisa sempre de ser arregaçado e agarrado, para que as vezes que me ri da tua modéstia sejam guardadas com o mesmo carinho com que o fiz das vezes anteriores. E se é verdade que nada é esquecido, também o é que nada é para sempre. Amar nunca acaba, apenas desvanece.