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Friday, January 13, 2006

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É então que me deito sem saber para onde vou, estirado, esgotado desta luta contra um relógio nunca acertado, por um tempo que se contradiz apenas porque não é pequeno, por este desejo imenso de alcançar a tua imagem, sem nunca te tocar.

Verdade é, que sempre gostei de algodão doce e por isso, tentei sempre caminhar entre a ilusão de que nunca amaria por completo e a repetição desses sabores tantas vezes facilmente identificáveis, que me arranham os sentidos e me deixam um pouco mais do que moribundo.
É esta a alegria de viver, por entre todas as marcas que sofro sem serem minhas, apenas porque sinto os sentimentos indefinidos, de uma forma ampliada que acabam por demonstrar o quão frágil posso ainda ser, mesmo quando permaneces ao meu lado. Levava-te para essa terra do nunca - onde o nunca seria o sempre - eternizando-nos nesse longo e vasto campo de sentidos, por entre os meses que quase desconfiei que tivesses esquecido.


Por isso, fecho os olhos na esperança que tudo se desvaneça, que estes sonhos, de não ter simplesmente, se criem na realidade, que utilizes o pensamento sempre como arma e que ao contrário de toda esta sociedade, não te deixes conformar pelo insurrecto e pouco palpável, porque as minhas palavras já foram gastas e polidas demasiadas vezes e o cansaço nunca vem só.


Imagino viagens tridimensionais, canais que nos hão-de levar a esse desconhecido que são as tuas acções, imitações de algo que reviste e nunca mais pudeste esquecer. Que te prefiro odiar, com sensatez, muitas das vezes, porque me sinto pequeno demais para arcar com tanta plenitude de sinceridade, porque sempre vive da argumentação fustigada e da desconfiança presente, e que só assim sei ser forte e conciso. Sem ti, nunca haveria de ter escrito as páginas deste jornal pouco mais do que íntimo sobre a verdadeira consciência que tenho da condição que agora assumo.
A paixão não é um estado que me faça corroer o interior, é antes esta grande trama elaborada pela minha necessidade de sentir a culpa interiormente, nesta cilada por mim feita, sempre que me sinto longe de ti. E de vez em quando, abano-te e fico a escutar, para onde foram todas as palavras que depositei em t, quando sei de antemão que simplesmente não estão lá. Acredito no que posso, nos objectos que não gosto de possuir, neste trajecto por mim enlaçado, nesses teus braços que me concretizam e me fazem acreditar na minha paranóica forma de estar.

Acredito em ti e acredito neste número que se faz à nossa imagem, do azar que foi nunca termos tido a coragem para nos agarrarmos antes.
Estou, secretamente, a contar todos os dias.

You were right
And i don´t wanna be here
If you gonna be there…
I wanna travel trough time
See your surprise
Hold you so tight
I´m counting down the days

Wednesday, January 11, 2006

Negação II

Não me estraguem a concentração, não me digam que o jogo de luzes que evoca a solidão é falso. Não me digam que não posso sobreviver da desilusão, não queiram colocar a dor como pano de fundo para a minha destreza emocional. O que faço é conseguir, tentar alcançar esse objecto sem cor ou roupa, esse lamentar sincero e promíscuo, essa gota sexual que escorre pelo umbigo e só pára no lençol onde eu nunca me deitei contigo.
Queria assim, por entre todos estes tecidos feitos para nos prenderem a situações nunca pretendidas, manter a minha invencibilidade, sem que por isso tenha de ser chamado de frio ou egoísta. É que o meu piano deixou de tocar, desde que não te encontrei mais, quando dizer adeus nunca foi o meu desejo. Não. Digam-me apenas que a lâmpada fundiu, mas que a esperança de que regresses novamente por entre o “meu olhar que só sorri quando te vê”, é tudo menos falsidade herege. Faz-me crer que tudo em ti é reluzente, que o passado é fantasia que arde quando me deixo ocultar por esses genes que transporto em mim e que sempre me hão-de desfazer em menos de pó e camurça.
És o nada que nunca se há-de transformar em manhã negra ou enfadonha, porque o silêncio do teu reflexo é magia constante para os meus ouvidos. Nunca consegui que me travassem neste sintoma perplexo, nesta correria abusada, neste paladar nauseabundo. Não, não me digam que nunca hei-de chegar a alcançar essa força que eu (minto?) juro que permanece escondida em ti e da qual eu denoto breves resquícios quando te abano violentamente e te faço sair desse estado de latência do qual vives e sobrevives. Não me digam sequer que me tornei abjecto, como tantas outras coisas que odeio. Acabarei sempre por eternizar a canção nunca antes entoada.
Farei assim minha e de quem quiser, a sombra que foi deixada para trás, essa rodada de uísque que nunca haveremos de beber os dois, completamente juntos, como se lá fora a neve não fosse branca.
Aqui e agora, a neve é sempre branca do outro lado, neste manto de inspiração que me sufoca e me faz descrer que o não foi apenas o que pronunciaste apenas para eu nunca largar a minha ilusão enegrecida, cada vez mais.
Devo dizer, que foram raras as vezes em que desisti, por isso não mo peçam para o fazer, porque a concretização da incompreensão é algo presente em mim, essa forma de “amar o amor” como diria Agostinho da Silva, essa recriação do meu sonho personalizado em ti. Eu que me tornei discípulo da irmandade dos amantes da paixão e quase da tesão, eu que fui cego, mas sempre alcançando a batota no jogo, eu que nunca fui surdo e que por isso abandonei sempre quem quis. Que não me digam, que não me escutem, que não me leiam. O não é apenas uma parte da minha comiseração de fugir ao que realmente encontro em cada espelho. Não. Amar não acaba.