Followers

Thursday, November 06, 2008

Que nunca adormeçamos

É tudo uma certeza infinita.

Certeza de que o meu pensamento está retido na tua inocência. Afogado na tua presença feita de espuma de sabão e de todos aqueles momentos que sempre quisera partilhar, mas que nunca me foram concedidos fora das telas, perspectivados por uma imensidão de pipocas.

Pensei em nunca mais escrever sobre tudo aquilo que continuamente trazes à minha vida, à qual impinges um pouco mais de realidade sensorial, mas confesso.

Não posso cumprir a minha vontade.

Trata-se de algo inato e incalculado. È forçado pela junção da minha inconsciência com a materialização dos meus actos, enquanto te escuto numa das inúmeras canções que passam na rádio.Imagino que foram todas feitas e refeitas a pensar em mim e na felicidade que possuo e levo comigo, de cada vez que te sinto presente. De cada vez que me recordo que não terei de tentar mais nada, de cada vez que tenho a certeza que ficas, para sempre.

Inocentemente, vejo-me a viver todos aqueles momentos banais e incalculavelmente estúpidos que completam o quadro perfeito da minha existência. Sou perfeitamente cheio de todas aquelas ações típicas, que preechem os meus sentidos e que me fazem sonhar um pouco mais alto.

Tu a beberes café.

Eu a passar por ti.

Tu a leres o jornal.

Nós a ligarmos o carro.

Não é uma prática normal, mas entendo agora que apesar da minimalidade de todas estas acções, nada me faria mais pleno do que concretizar cada uma delas contigo. Houve tempos em que pensara que não fora feito para este tipo de rotinas e esquema spré-concebidos, em que o cabia nos outros, não me serviria a mim. Tamanho desadequado para aquilo que visto, pensara.

Não foi uma mudança de ideologia, se assim o puder chamar, nalgum dia em que acordei mais preenchido por esta nova orientação.

Surgiu apenas, com a naturalidade com que tudo surge, entre sonhos desfeitos e outros tantos por realizar.Por entre uma vontade inata de partilhar a incrível sensação de se estar vivo e tudo aquilo que comporta toda a merda que podemos sentir quando realmente nos damos conta de todas as sensações que isso abarca. Por entre a vontade que tenho em te abraçar, de me abraçar, de nos abraçar.

Destruir o pó, portanto. Deixar para trás a fugacidade digna de uma adolescência repleta por monstros e papões, que realisticamente nunca existiram mesmo e que tornaram tudo, no fundo, muito mais arriscado e saboroso do que poderia ser, dignamente.

Entre as palavras que nunca te disse

Entre o olhar que me fazes ter

Há algo que deve ser escrito

Para que nunca te esqueças, para que nunca adormeças.

Que nunca adormeçamos.”

É tudo uma certeza infinita e tudo já me explicou que nada deve ser tão linearmente perfeito. Por isso e para isso, existe o nosso feitiosinho de quem levou mais carinho do que aquele que poderia comportar e que talvez por isso tenha ficado mal habituado, para nos lembrar que há coisas que só existem porque as queremos.
Se há alguma lição que deve ser apreendida da tua presença em mim, é que não há nada que não possamos ter. Precisamos é de querer.

E eu quero-te a ti, com toda a tua força e com toda a tua altura, em que fazes de mim o homem maior do mundo, não por ser alto, mas por depositares em mim todas as esperanças de poderes partilhar tudo isto com alguém, eternamente.

Quem me lê, deverá referir-se a mim como mais um adulto que se esqueceu que tudo aquilo que é bom, tem um final. Eu digo : que se fodam todos os exemplos de finais inacabados, rupturas tortas, passeios partilhados pela solidão de quem lá a deixou.

Havemos de ser muito mais, onde formos e onde tivermos. Apenas porque o queremos.