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Friday, November 30, 2007

Ressaca

Depois da ressaca, percebo que nunca deveria ter escondido tudo aquilo que haveria por ser revelado, segundo a minha vontade em ser o mais sério no que toca à conduta por mim exercida.
Percebo agora o esquema de culpa e falta de prazer em que estava mergulhado e do qual não havia maneira de querer escapar.
Escapar, de uma forma doce, nunca me pareceu a melhor solução, a não ser que tivesses envolvida. Queria tanto manter a minha integridade, manter a minha postura forte e independente, fruto da porra da sociedade individualista em que vivemos, que quase me esqueci de acordar e parar de seguir a batida riscada e viciada.
Escondi-me sem que soubesse, fugi sem nunca o avisar, abracei quem não devia e acabei por correr atrás do grande vazio que é a solidão de não estar sozinho, quando é só disso que precisamos.
A fraqueza de um homem é posta assim à prova e ninguém gosta de a revelar. É assim que depois da ressaca, perspectivo a realidade que quase me consumiu e me deixou um pouco mais do que sozinho.
Não deixei nada de mim, apenas me esqueci um pouco dos outros, sem querer entregas ao domicílio ou gorjeta quando se iam embora. Esqueci-me o que me torna realmente realizado, sem o querer deixar de ser.
Depois da ressaca, tudo me parece um pouco mais calmo, nojento e pouco racionalizável.
Depois da ressaca, quero esquecer tudo.
Depois da ressaca, sou eu, novamente.

Best Friend . André Indiana - All alone with you

Thursday, November 29, 2007

Impressão



Ninguém se interessa pelos sonhos dos outros. Vivémos na era egoísta do prazer único e singular, nunca partilhado, antes roubado. Somos a força motriz da incapacidade de partilhar, apenas porque nos ensinaram que não vale a pena.
Tento arranjar uma desculpa para acreditar que o sonho é composto por partículas reais, que a leveza que sinto se compadece com a imagem que vejo cada vez que abro os olhos.
Não me interesso pelo prazer sem ligação, a tesão sem paixão, a falta de lugar para cada um que passa por nós. É por isso que continuo a querer aquilo que sempre achei que existia, materializado nesses olhos que nunca foram tão sinceros, como agora.
Talvez seja utópico pensar que nada disso existe, até porque não há prova maior, em toda a realidade que me rodeia, que nada disso existe. Por isso mesmo, torno-me o exemplo ao espelho, a fim de poder acreditar em mim, quando já nada de novo resta.
Ninguém se interessa verdadeiramente pelos sonhos dos outros. São apenas resquícios que nos atrapalham a consciência e pedem mais do que podemos dar.
A expectativa nunca pode ser alta e embora me apetecesse, nunca foi isso que registei.
Perdi-me na cor, na saudade e na alegria que é estar contigo.
Impassivelmente, deixei de procurar a perfeição, para me dar conta que é na característica que surge a impressão positiva e ninguém se interessa pelos sonhos dos outros.
Agarramo-nos aquilo que temos, aquilo que conquistamos, àquilo que perdemos e entregamos. Sei perfeitamente que nunca tive idade suficiente para que me levassem a sério e que talvez nunca venha a ter. Gosto de brincar com a vida e com aquilo que ela nos oferece e agarrar aquilo que avalio como rentável e consumível, praticável.
O valor que me dão por tudo aquilo que eu sinto talvez nunca seja o suficente e talvez seja pelo melhor.
No fundo, e apesar de racionalmente não o querer admitir, talvez me sinta melhor desta forma, que para mim me parece nova e moderna de mais. Ninguém disse q lidar com a liberdade havia de ser fácil.
Ninguém dá valor aos sonhos dos outros.

Best Friend -Natalie Imbruglia - Intuition