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Tuesday, March 09, 2004

Somos tão corruptíveis. Vivemos de palavras vazias, no vazio de milhares pessoas que partilham o seu dia a dia com tantas outras. Vivemos para nós, sem nos darmos conta que ao nosso lado alguém precisa de ajuda e que atrás de nós alguém nos quer dá-la. Vivemos de palavras vazias, sem nos darmos conta do que se passa à nossa volta, revestidos por roupas da marca e por um comportamento puro e incorruptível. Afogamos as nossas magoas no alcóol barato, na esperança de que os outros tenham pena da nossa insegnificância e passem a permitir que partilhemos com eles os dias longos, numa cidade que não quer saber de ninguém. E crescemos assim, numa sociedade que nos chama de rasca, apenas porque temos coragem de ser piores do que eles alguma vez pensaram em ser. Ensinam-nos a ser grandes médicos, advogados, jornalistas, mas quem nos ensina a saber amar? A dar, sem pedir nada em troca, a ajudar o desconhecido quando ele chora numa das muitas ruas porque não consegue sobreviver. Enquanto isso ensinan-nos que devemos calçar a sapatilha da moda, vestir a camisola do momento e pintar o coração da cor que toda a gente gosta. No fim, ficamos sem identidade, sem carisma, mas ganhamos alguma coisa. Um canto qualquer, num grupo qq, mas que é nosso, mas no fim sabemos que são só palavras soltas. A verdade não existe e as palavras começam-se a confudir a si mesmas, porque é assim que um adolescente vive : na sua própria confusão desde que descobriram que havia uma fase entre a infância e e a fase para a qual todos corremos, a idade adulta. E cada dia, é cada vez mais vazio, cada minuto é mais longo, cada momento é duro. A insegurança chega a doer. São só palavras soltas, mas são muitas as vezes em que as mesmas palavras soltas nos deitam abaixo.

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