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Thursday, August 19, 2004

Apago a luz, apago a alma, perco-me entre a Mafalda Veiga, Silence4 ou simplesmente Nelly Furtado. São poucas as coisas que nos dão paz de espírito. Hoje foi o dia, depois daquele dia. O dia em que é preciso acordar do sonho sem cor em que estavamos encobertos, presos por uma teia sem fim, um coração sem rosto, uns olhos sem movimento. Acho que foi mais fácil do que eu julguei, desabituar-me da tua presença a que eu tanto me agarrei e onde tantas vezes me escondi.
Dizem que o tempo que partilhei o mesmo olhar contigo é diminuto o suficiente para apenas criar perspectivas de uma felicidade imatura e pouco duradoura. Eu não respondo, porque tantas e tantas vezes o coração rejeita o código pelo qual nos rejemos, tantas vezes complicado demais para nós mesmos o seguirmos. AInda não compreendi o teu afastamento, mas já me capacitei dele e sinto-o cravado em mim, como se nada tivesse acontecido e eu continuasse ainda Virgem por não ter gostado de alguém. Talvez seja essa a razão pela qual todo o sofrimento que ao início julguei que iria mergulhar, desaparecesse apôs algumas horas numa camioneta que nos leva para parte incerta, mas que nos leva para bem longe, para que não possamos sentir onde a visão não alcança e os ouvidos não ouvem.A razão, sempre a razão. Não existiu razão para o começo, para quê procurá-la no fim? A razão para a minha convicção é que finalmente fui feliz, independentemente do tempo, por ter alguém ao meu lado e foi sempre isso que eu procurei. Se não pode ser por mais tempo, já não me cabe a mim decidir, assim como não me cabe decidir a pessoa pela qual me vou apaixonar. É engraçado que me culpem por isso, ou que me tentem culpar. Não há explicação para aquilo qude não tem imediata solucção, então para quê esgravatá-la? Para quê inventar culpas ou ressentimentos infantis? A vida não é perfeita e nós também não e de vez em quando somos complicados, mas está-nos no sangue, desde o início, desde o começo.
Opto por Nelly. Mas só aquelas músicas profundamente melancólicas e calmas a condizer com a chuva que cai lá fora, numa paisagem deserta e confiante. Era capaz de estar aqui a divagar a noite toda. De facto, já é bastante tarde e eu preciso de descansar a alma e o corpo. E de repente no meio deste silêncio e desta música que me arranca e me fere, recebo uma mensagem. Não espero que seja tua, mas é, de facto. "Tenho xaudades..." Que devo fazer? Por momentos apetece-me esquecer a minha magistral técnica para te esquecer e dizer que sim, que apesar de estar a caminhar para apagar alguns vestígios teus dentro de mim, mas também me apetece ser infantil, imaturo, e dizer qualquer coisa como " bem feita, só tens o que mereces, assim como todo o sofrimento em que tas embrulhado". Sim, porque eu sei que sofres, não percebo porquê, mas também desisti de procurar saber. Talvez desista muito facilmente. Ainda só passaram dois dias, mas não faz parte de mim lutar inquestionávelmente pelas pessoas. Ou se quer a pessoa ao nosso lado ou não se quer, independentemente do motivo ou situação. E quando não se quer, só temos de aceitar e seguir em frente com a nossa singela vidinha. Sabemos perfeitamente que não é o fim do mundo, que ainda haveremos de ser ainda mais felizes com outro alguém, só temos de ter alguma esperança ou então cultivá-la. Talvez ter coragem para a ter, cultivar.
Ainda não te respondi. Ainda não sei o que responder, ainda não sei se quero responder. Acredito que cada situação é encontrada por nós, enquanto ser humano que evolui a cada momento, 0para que possamos tirar algum partido e crescer com cada experiência.
Outra mensagem. Esta é mais forte. Talvez porque digas que gostas de mim, mas que tens medo...medo...já escrevi um texto qualquer em que retratava o meu próprio medo, já escreveram um texto a pensar no meu próprio medo. Acho que o medo me rodeia, cresce e se multiplica, afecta os que me rodeiam, não fosse o medo uma constante da vida, que só acaba quando ela própria terminar também. Tento escrever o mais possível. Tenho de resistir à vontade inquestionável de te responder e dizer que também tenho medo de te magoar, de não te amar o suficiente, mas que tenho ainda mais medo de não acordar outro dia qualquer, num sitio qualquer, ao teu lado, sempre com medo de sermos descobertos, sempre com medo de gostarmos demais um do outro.
Já escrevi a mensagem. 160 caractéres não chegam para descrever tudo aquilo que o coração quer dizer e as mãos não acompanham (onde é que eu já li isto?).
Há uma coisa que me custa muito a aceitar. A pessoa que esteve comigo antes e que agora me culpa por eu ter sido feliz e me ter apaixonado por outra pessoa, disse uma vez, enrolado num discurso qualquer, que se eu não fosse o que desejava para si, ao menos que fosse para a pessoa que viesse a seguir. A esta hora deve-se estar a torturar por ter tido execrável ideia, mas...a verdade é que fui o melhor que sabia que conseguia ser. Peguei em todas aquelas coisas de que as pessoas tanto me acusam de ser e que dizem serem negativas e fui o que nunca esperei conseguir. Acho que ajudou o facto de eu realmente gostar de ti, do teu toque, do teu olhar, enfim, do teu ser, mesmo quando acordavas com ar de quem tinha acabado de entrar na Guerra das Estrelas e não as tinha conseguido apanhar.
Sò queria ser feliz e consegui-o, daí o meu aspecto optimista, nem sequer se trata de ser forte, mas sim verdadeiro e pouco melodramático, talvez porque saiba que gostas de mim e nunca te tenha abandonado daquele lugar, aqui, bem dentro de mim, onde sorrio, de cada vez que de ti me lembro.
Um dia qualquer, perceberás os meus textos, talvez até venhas a perceber porque me ria tanto, sem qualquer motivo, sem qualquer razão, sem qualquer complexo.Um dia. Não hoje. Talvez amanhã.

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