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Monday, August 28, 2006

Tudo

A realidade dura e crua, como nunca a tinha presenciado antes. A pobreza da alma reflectida nos meus olhos, a cor do sonho desvanecido, espalhado em todos os poros irreflectidamente ansiosos por não me conhecer mais.
Gostamos todos de maneiras diferentes, de formas estranhas, negras, obscuras. Somos influenciados na forma de amar pela forma como previamente havíamos recebido. È esse ciclo preparatório do qual, poucos nós conseguimos sair e nos faz ter as atitudes menos sobranceiras. E se a mentira é tudo, uma boa mentira pode ser ainda melhor para fazer esquecer qualquer desentendimento que o tempo não deixa curar de maneira nenhuma, nesse cessar de entrega que sempre esperamos acontecer e tarda em chegar. Esse grito contido que há-de chegar e nós sabemos, apenas não quando sempre queríamos.
Já não sei conjugar os verbos nessa atitude reflectida dias a fio, embrenhado num calendário feito à medida de quem não vive numa contingência limitada. Fiz disso a minha principal alavanca e agora concluo que a dor há-de ser o único repouso conseguido.
E se as promessas são o ponto de partida, as lágrimas hão-de ser sempre o ponto final de qualquer tentativa de ultrapassar a realidade transparente e verdadeira.
Não tinha que ser assim, esse desencontro arriscado e desmedido, nessa cura anunciada, nessa carga pesada demais para ser inocente.
Confio no final, na leveza, nesse nome que decorei. Confio em mim e na natureza das palavras, na cor da música e na falta de sexo que sinto, cada vez que estás perto. Foi a falta de discernimento que me permitiu prolongar este estranho jeito de amar. A realidade é crua, mas uma boa mentira pode significar tudo. Tudo.

2 comments:

Gonçalo said...

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
para, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.

Amália Rodrigues - Estranha forma de vida

Joanissima said...

Tudo são demasiadas coisas.