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Friday, September 01, 2006

Para Sempre

Para sempre, foi para sempre que tudo foi feito, num plano montado e elaborado por mim, confiante nas minhas plenas capacidades de controlador obsessivo e que por isso, tudo resultaria numa acção impressiva. Por isso, deixei de ouvir e calei-me por dentro para que as palavras não inflamassem esse sentido contagiado e errante da percepção da própria vida. Enquanto isso, deleitei-me com a tua tentativa de me contares como é o mundo através dos teus olhos e como é que eu sou moldado a partir dos mesmos. Talvez por isso a irrealização da minha fantasia nunca me pareceu embriagada de mais, por parte de ilusões ou sonhos inconquistáveis. Lutei sempre, por tudo e por nada, que tudo me parecia fácil de mais.
Enquanto fechei os olhos, percebi que gostava tanto do escuro como da luz enegrecida sempre pelas tuas palavras, que ainda me haveriam de provar que fora tudo um momento escasso e em vão.
Escrevi sempre, na tentativa de te alcançar por detrás desse “eu” que dizias ser tu. Nunca acreditei na validade de toda essa camada inatingível e sobranceira, religiosamente esculpida para que eu acreditasse que a perfeição haveria chegado.
Acabo de comer e pouco o café, aquele que durante muito tempo foi essencial para que durante essa bebedeira de amor e sexo eu continuasse acordado a fantasiar com o teu cheiro. Deixaste-me assim, a querer mais, a exigir mais, a correr atrás de mais, mas haveria de ser sempre outro alguém que o receberia o sempre que eu nunca consegui conter em mim, nessa lágrima deslavada que haverias sempre de guardar para mim.
É esse o valor da promessa, o valor que dás à tua vida escorreita e cheia de inocência translúcida. É essa vergonha que sentes quando não há volta a dar e me dizes “não”, quando é o sim que interessa.
O tempo escolheu-me para me deixar levar por ele. Incrivelmente, não me deixa esquecer essa perda corrente, esse eterno amar empobrecido, tal como a alma que carregas e que julgas que é especial, apenas porque o carro que trazes contigo, faz de ti mais do que és.
A força que não sinto, agora, há-de voltar para prolongar este eterno adeus.
Para sempre.

Kt Tunstall – False Alarm

3 comments:

Anonymous said...

passo muitas vezes por aqui, mas nunca tinha deixado comentário.
só para dizer que este é o meu blog preferido. sempre certa de encontrar algo bom aqui.

Gonçalo said...

A vida é feita disto mesmo, planos falhados, alegrias tornadas em tristezas mas também de momentos bons de muita gargalhada e felicidade. Tu fazes parte da parte boa da minha vida para sempre. És lindo

Joanissima said...

Alguém, um dia, me disse uma coisa muito semelhante... E isso fez-me chorar durante muitos anos...