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Monday, May 05, 2008

A minha praia



Dificilmente viverei como sempre vivi. Esta energia inerente à minha capacidade de saber levar a vida, transforma-se diariamente em raça e personalidade sagaz. Dentro do nada, conquistei tudo aquilo que sempre quis. Essa liberdade libertina, fruto da minha própria falta de inocência nos valores que povoam a realidade que diariamente abarco.
Hoje, prefiro falar apenas de mim. Sem mortes inusitadas ou fantasmas que acabam sempre por fugir de mim, mesmo quando não quero.
Nesse rio repleto de figuras e personagens que eu próprio algomerei, acabo por encontrar a lógica predemitada para a soulução da problemática estilizada.
Tudo com classe e charme, que são atributos que prezo, dentro de um palavrão que soa a gargalhada estremida.
Perco-me no fumo, mas encontro-me nos limites físicos do cansaço, por saber finalmente do que sou feito. Posso acreditar em tudo isto e gritar que só agora compreendi, mas verdade pelo menos será, que só agora realizei esta maratona de insanidade fugaz.
Deixei de me preocupar coma batida, com o destino ou com aquilo que faço dele, com o futuro que é tudo menos coerente e com a minha própria sensação de melancolia sempre que o domingo se avizinha.
E domingo é mais do que um dia, é uma personagem em qualquer vida, incluindo na minha. Daquelas personagens misteriosas, que provocam um friozinho no estômago e nos fazem temer por nunca sabermos o que esperar dele.
É um benefício e uma tragédia completa, isso da surpresa, e saber lidar com ela torna-se o caldinho predilecto da amargura. Se esperamos demais, nunca seremos satisfeitos por ela, se pelo contrário, esperarmos de menos, haveremos de ser condescendentes com qualquer meleka que se nos aparecer pela frente.
E liberdade para escolhermos o que nos agrada de facto, é tudo. O que eu desejo, tal como a Clarice afirma, pode ainda não ter nome, mas liberdade é um conceito que estará muito perto dela.
Liberdade de pensamento e de acção, de escolha e de casualidade, de força e de atração. Liberdade de destreza e prisão, de escrita e de grito, de sexo e finalmente, de amor.
Liberdade para sermos magoados, liberdade para sermos invejados e finalmente, liberdade para sermos amados.
As pessoas mais amadas, serão sempre aquelas que são mais livres, porque isso atrai todos aqueles que não são, não sabem que podem ser e mais importante do que tudo, como o ser.
Liberdade é sabermos o que somos, o que queremos e podermos dize-lo em voz alta, quando assim o entendermos.Liberdade é pouco, mas seria tanto para qualquer um, nos dias que correm...seria o after-eight que todos queremos comer depois do jantar, a tequilla que esperamos sentir a escorrer pela boca ou simplesmente o sofá da nossa sala que acaba por ser o nosso maior confidente.
Liberdade é isso e muito mais, porque não tem limite ou contigência, apenas quando infrigimos com a liberdade alheia, com o espaço do próximo, com o amor de quem não nos pertence.
Liberdade para nos movermos e encontrarmos um lugar que possamos de chamar de nosso e é nesse lugar que eu quero estar.
Onde reecontro a fundação do meu riso , a admiração de quem por mim passa e a música que afinal sempre fez parte da minha essência.
Gosto de estar por aqui, bem quente, de me sentir português cada vez mais e por ter encontrado tanto mais do que aquilo que algum dia esperei encontrar.
Afinal, estou do outro lado do mundo, nessa experiência que concretiza toda uma juventude. Um fechar do ciclo onde finalmente agrego todos os valores que sempre soube que valia a pena lutar por.
Esta questão do racicínio que não pára, dos erros ortográficos que se espalham apenas onde finalmente posso respirar, porque eu sempre soube que teria mais para ver, antes de fechar os olhos.
E que faço com esta experiência que se apodera visualmente e constantemente de mim? Que fazer com todos os risos provocados, pela novidade que é saber do que se trata a matéria envolvente ou o simples desligar daquilo que nãointeressa?
Este saber novo, esta novidade que me ACORDA, que me faz respirar como outrora ja respirara, mas mais leve e sereno. Onde ouço tudo aquilo que há para ouvir e apenas retenho o que me faz mais Luís Miguel Marques Gomes da Silva, seja lá o que for.
Vi muitas praias, bebi muita cachaça 51, comi muita cochinha de frango e parece que afinal sou feito de matéria bem menos corrosiva do que era suposto.
Gosto cada vez mais de mim, porque quem tem uma baixa auto estima, afasta todos aqueles que os querem e isso há muito que deixou de fazer parte de mim.
Alguém consegue ouvir o que eu consigo ouvir? É o barulho do mar, na praia. A minha praia.
Este país é a minha praia.







Best Friend All Saints . Pure Shores

5 comments:

João Pedro said...

existe um sempre mais parvo que outro.
abraço

Adão said...

Confesso que me perdi nesta imensidão de palavras. Zonzo, fiquei estacionado neste labirinto de peças gramaticais, pontuadas por leves apontamentos de pausa e ênfase. Atordoei-me com palavras-chave do testemunho aqui deixado. Retive “domingo”, “praia”, “liberdade”, “tequilla”, “Luís” e “amor-próprio”. Baralhei-me com tantos conceitos e explicações. A extensão de assuntos fez-me acordar para a atenção. E escrevi um comentário. Sem ter certeza do que fiz. Sem saber se tinha percebido e alcançado o objectivo final.
Mas verifiquei que a descoberta tem destas coisas. Dois passos à frente e um atrás, para que se possa consolidar ideias, valores e emoções. Por mais “resolvidos” que estejamos… por mais alto que façamos ecoar o nosso nome, de forma inteira… há sempre algo que falha. Algo que fica por dizer… camuflado naquilo que escondemos quando mostramos o óbvio. Quando queremos provar que estamos imunes a tudo e a todos.
Não é por estipularmos que queremos a esquerda em vez da direita, ou preterir o sol pela lua, que a nossa liberdade ganha um novo fulgor. Não é por afirmarmos que queremos sábados, em vez de domingos, ou excluir o mar pela terra, que a nossa felicidade ganha uma nova cor. Não é de certeza, por exigirmos que queremos assado, em vez de cozido, ou banirmos o brasileiro pelo português, que seremos melhores que aqueles que nos são próximos.

Deixo a sugestão: Fado da Procura = Ana Moura!
Abraço

a canarinha said...

Luís Miguel Marques Gomes da Silva, és o mesmo, aqui ou do outro lado do mundo, farto das concepções estúpidas que tentam encaixotar as tuas convicções, certo de que quem se ama a si próprio ama também os outros.

Há ainda muito mais coisas para veres, e que essas possam sempre tornar-se tuas, nessa matéria afinal não tão corrosiva.

Amo-te.

Adão said...

O ser diferente é muito complicado. Talvez quem o seja, ou o queira ser, não tenha capacidades para viver na igualdade dos outros, e procura na diferença factor de destaque. Não consegue competir no mesmo campeonato, e como tal, cria o seu. Existirá uma tentativa de mostrar-se ao mundo, dizendo; “também estou aqui!”. Não é por sermos morenos, num meio de um conjunto de loiros, que somos discrepantes. Não é por sermos altos, num intervalo de baixos, que somos divergentes. Não é por sermos jovens, num grupo de velhos, que somos destoantes. E não é por sermos diferentes, que seremos melhores.
A juventude de hoje não é diferente de ontem. Apenas procura as mesmas coisas com outros moldes. Aliás, a evolução tem destas coisas. Já conheci muitos jovens “diferentes”. Mas que na sua génese são iguais. Falam de maneira diferente, dizendo as mesmas coisas. Gesticulam de outras maneiras, mas simulam os mesmos valores e conceitos.
Não generalizo. Nem faço estatísticas. Mas normalmente quando dizemos que somos diferentes… acabamos por ser iguais, porque é o que todos dizem na esperança de serem notados!

Um abraço!

PS. Boas descobertas na igualdade dos teus!

Adão said...

Vamos por partes.

1. A incompreensão advém da não percepção da realidade, tal e qual, ela é. O meu comentário “diferente” não o quis atingir. Apenas foca uma realidade comum, e da qual eu não fujo. Também refiro que sou diferente. Mas quanto mais o afirmo, mais me revejo na igualdade de provar que não sou igual. Ou seja, não precisamos de o referir para que os outros o percebam. Quem deve perceber que somos diferentes, são aqueles que vivem entre iguais. Não nosso papel mostrarmos o que temos de diferente ao mundo, mas sim o mundo, procurar em nós a diferença! Quem puxou a conversa do ser diferente é melhor… fui eu… confesso que assim numa atitude… vá… provocatória (Gargalhada!)
2. Não digo ser mau, ser feliz com a felicidade dos outros. O que quis dizer foi que não podemos viver em exclusivo do contentamento dos outros… esquecendo que os outros também vivem da nossa felicidade. Digo isto demonstrando a mãe que vive o sonho da filha em ser o que ela quis sempre ser, ou referindo a anulação do filho primogénito em prol da resolução do benjamim da família. Não podemos esquecermo-nos que estamos por cá também! Soa a contra-senso não é? Então é porque é assim mesmo! (“terei sido incompreendido?”)

Outro abraço, ainda no mesmo contexto (Gargalhada!)