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Wednesday, January 25, 2006

Insónia

Afinal, não é ainda por aqui que vou ficar.
Hoje, deixei-me cair finalmente em mim, longe do estado de completa absorção em que me fui digerindo, perdido entre pensamentos e imagens que nunca consegui apagar totalmente desta corrida fugidia em direcção ao teu olhar.
Foi essa terra que me negou sempre aquilo que eu sempre julguei ter, por entre as mãos, que sempre me negou a verdadeira essência, acabando por me enganar nesse cálculo feito de intuição e cheio de falta de racionalização.

Hoje, ficava só por aqui, a fim de te sentir, encontrar a verdadeira resposta para tantos obstáculos por mim impostos, tanta falta de discernimento, que sempre julguei possuir e, mesmo acabando por ser mais tarde, acabou por me abarcar. Isto, mesmo sabendo que o que quis, foi sempre encontrar-te quando desço as escadas, me sento e te respiro, mesmo quando a neve insiste em deter-me. É este o débito que não consigo que seja cobrado no seu máximo, para que depressa adormeça, sem que disso tenha dando conta. O piano, esse, esteve toda a semana parado, por entre notas desafinas e palavras nunca pensadas e uma melodia que julguei por momentos ter esquecido. O problema é quando confiamos e nos deixamos levar, sabendo inicialmente, que não vamos conseguir arcar com esse peso que ainda há-de vir. E ainda no princípio em que não sabia onde te agarrar, acusava-te já dessa falta de perspectiva por um futuro que presenciasse mais o íntimo do que a carne que sempre entra em putrefacção, sem que por esta possamos fazer nada.

É o desencadeamento da linguagem na sua essência, essa causa para uma insónia excessiva, uma falta de carinho quase constante, essa rotina que já não possuo e que quase me levou quando para ela regressei, ainda que por escassos momentos.Vivi sempre para o prolongado, para a corrente de acontecimentos, para uma racionalização constante de qualquer problema metafísico, mas tudo se esvai quando sabemos que a razão finalmente deixa de nos pertencer por inteiro. Fui ainda mais errante na minha tentativa de apôs períodos contidos, em me segurar a algo que não existia e da qual eu assumidamente tinha notícia e informação. Não é o facto de ser desagradável e desonesto encetar toda uma mentira sobre alguém. É algo que apenas traz a questão de algo simplesmente não estar esquecido, algo não realizado.
Contigo, nunca me contive, nunca me senti com um grande nó na garganta, esse que desata e que comigo raras vezes ata. Enredei um romance em torno de algo que eu preferia que tivesse acontecido, apenas para eu não constatar o quanto tinha eu, na perseguição desse sonho fantasiado, falhado. Esse tumulto crescente, essa pedra no sapato que se apoderou, essa criação mental de tudo aquilo que nunca teria feito. E dizem que não nos devemos arrepender, que a tenacidade com que me puxaste é algo narrável e que talvez por isso eu te tenha agarrado bem cá por dentro, sem que faça intenções, mas sempre com condições.

A finalização que terá como consequência o descanso prometido pode não estar ainda a um alcance próximo, mas nunca mais estarei tão perto como o “agora” que se promete.Os “jeans” serão lavados, o relógio há-de me continuar a perseguir, mas finalmente hei-de adormecer e o sonho há-de ser contigo, finalmente. Parece que há sempre rasteiras que afluem a uma melhor posição.

The Grass is always green on the other side.

Há pessoas capazes de fazer o que ,indiscutivelmente, não se faz.

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