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Monday, January 23, 2006

Realidade

Esta é a música preferencialmente entoada, facilmente esquecida, repleta de erros imperceptíveis a qualquer passagem que não alcance a verdadeira beleza sensorial da imagem em movimento. Contei-te e conto a minha vida, como quem conta um romance, onde a tua beleza me ofusca e me arranca toda a energia que encontro, a fim de poder compartilhar este conhecimento que é oferecer-me a algo tão grandioso como tu.
Tenho ainda de me deixar levar, como no início, por essa força transladada muitas vezes para uma timidez coerente e socialmente aceite. Fiz o que podia para parar com este movimento, no qual te foco e te retiro, onde me complemento em tudo aquilo que és, por entre os cheiros e por entre esta vontade de não te deixar ir, de não largar tua mão, como quem larga uma nota que se desloca pela profundidade que é ter a certeza que realmente te tenho aqui por dentro, onde ninguém nunca chegou a ser aquilo que sempre tentaram ser.Esta desintegração, esta redução do próprio “eu”, esta argola presa nestas memórias sempre um pouco perdidas.

Nesta roda gigantenão permaneço mais.
A inconsciência desapareceu, porque afinal
O problema nunca me pertenceu


È escusado perceber porque é que a minha fragilidade foi a escolhida para suportar esse sorriso que nunca me mentiu. Vi tanto e fugi a tanto, tornei-me portador da vontade de querer, mas nunca de ter, de saber que independentemente do que dissermos, as pessoas têm todos os mesmo sonhos e que por isso mesmo, partilham salvo raras excepções, as mesmas raízes, as mesmas bases e muitas vezes do mesmo sorriso.
E por isso tentei fugir, correr sem destino ou direcção, sem cor e sem brilho, quando percebi que nunca te voltaria a encontrar nessa predisposição directa e subjacente, nesse entoar de códigos metafísicos que não me deixam dormir, nesse recolhimento que é o de me deixar levar por tudo aquilo que o meu próprio sonho fez de mim, essa participação sem final que se avizinhe, sem tradição aparente, sem leveza transcendente, sem emoção pretendida que se irá desvanecer quando nunca mais tiver de imaginar que és tu que me carregas.
È este sentido sem início, essa notícia de que as calças que carregas formam a tua pele, que me escutas por entre horas a fim, precisamente por conheceres a cristandade comunicativa que habita em mim, não porque eu queira, apenas porque eu preciso. Preciso de ti e do teu sinal, da tua mágoa e da culpa que me fazes encontrar e que me ajuda a subsistir.
É o preço da racionalização, da mentalização que ser o que se é, ainda é pouco; que nada que tocamos pode ser suficientemente narrável, que nunca ninguém é transparente porque o deseja e talvez por isso me custe a acreditar que não tenha corrido o suficiente, que fui apanhado e não vejo outro encontro que me faça soltar, outra criatividade audível, outra melodia que me carregue tanto.
És a realidade que eu nunca imaginei ser real.

"Just bring me along
cause i got to see what you have to offer me"

1 comment:

blue said...

mas por vezes os sonhos tb conseguem ser reais :P