Followers

Friday, January 27, 2006

Sozinho

Procuro a inspiração no final desse olhar, nessa satisfação de estar presente em tudo aquilo que proferes, sem receio ou sentimento ressentido.
Fico por aqui, como se nada fosse ainda mais além e de novo permanecesse nessa órbita inaudível em que se foi formando de tudo um pouco, perfurando os sentidos de todos aqueles que mordem essa tentação que é tentar o que não se quer.
Andei sem saber como, com um total desapego por isto que piso, por entre o sexo que partilhámos, sem que nos déssemos conta, quando nada fazia sentido e que mesmo por isso – e só por isso – fez sentido. E continua a fazer.
È esse tema da controvérsia geral, da inquisição sempre atenta e disposta a deter-nos por entre palavras imperceptíveis. Essa nódoa na garganta que se forma, esse frio revoltante que sinto quando me sinto simplesmente abandonado, esse vapor que transpiro e respiro por entre variadíssimas cores, que nunca ninguém conseguiu decifrar. E foi aí que te pedi Por Favor Não Vás, e te foste sem que por isso desses razão à minha mão que acabou por ficar vazia. Foste-te assim, contente e indiferente como se nada o fizesse esperar, como se não tivesse eu já essa notícia reveladora que tudo se teria diluído.
Vou Porque Quero, e eu que nem ouvi a justificação, essa desculpa interiorizada e disfarçada pela pena que foi não te ter. Quando te pedi para que ficasses, foi na tentativa máxima de que partilhássemos todos as canções do Caetano Veloso que jurámos nunca cantar, pela saudade que sentiríamos um pelo outro.
Fiquei sozinho, longe de ti, para sempre perdido neste nunca eterno, celebrizado por este vento que não te traz. Tanta mágoa e tanto sonho e eu que só te pedi Fica. E foi aí que te foste.
Não te voltaria a pedir, nem a precisar de ti, se tal fosse concebível. Não tentaria de novo esse passo errado que é o de declamar a dependência negociada, essa chama negra que eu ganhei desde que atravessaste essa porta. Porta que sempre construiu um significado bipolar em tudo aquilo que não vivi, quando entravas, quando não saías, quando voltavas, mas nunca ficavas. È esta inspiração morta que eu sempre esperei alcançar, mas que por limitação humana, nunca me foi possível. Quando te agarrei e chorei, quando me bateste e ouvi És um fraco, o que nunca me ocorreu foi a visibilidade tão frágil dessa mesma fragilidade, dessa areia fina e transparente. Caramba, mas chegaste a entrar, ainda te agarrei, ainda te segurei, ainda tocámos na parede, para nunca mais voltares.
Fugiste e não voltaste. Deixaste me sozinho. Fugiste para nunca mais voltar.

No comments: